Aliança Navegação e Logística investe R$700 Milhões em Frota

26/07/2016 às 10:42 - Atualizado em 26/07/2016 às 10:42

Aliança Navegação e Logeistica investe R$700 Milhões em Frota

Viagens porto a porto consolidam-se como uma das grandes opções no país e incentivaram Aliança a investir R$ 700 milhões em frota

Por décadas esquecida como importante modal, a cabotagem recuperou-se nos últimos anos e já mostra vitalidade invejável. Se no passado a baixa oferta de navios e frequência era coisa corriqueira, a modernização da área com a incorporação de porta-contêineres de grande capacidade mudou totalmente o quadro.

Uma das grandes empresas do segmento é exemplo disso. Julian Thomas, diretor Superintendente da Aliança Navegação e Logística, anunciou, que, apesar das dificuldades econômicas da América Latina, a empresa finalizou um investimento em frota de R$ 700 milhões, para incorporação de seis novos navios porta-contêineres.

O dirigente da Aliança, companhia do grupo alemão Hamburg Süd, esses investimentos colocaram a empresa em posição de destaque no mar – com navios de alta capacidade, entre 3.800 a 4.800 TEU´s – e o que resta é agora direcionar o foco para a infraestrutura operacional terrestre, com a renovação da frota sobre rodas.

Para buscar uma segunda via para se safar das dificuldades do modesto mercado de importação e exportação no continente, a Aliança busca a abertura de novos fluxos Norte-Sul para suprir a queda da movimentação Leste-Oeste, que inclui a China.

“Com a desvalorização do Real é de se esperar alguma reação das exportações, algo entre 3 a 5% e a queda das importações”, diz Thomas. Para ele, é preciso investir em dragagem, terminais e serviços de transporte ao cliente. Na cabotagem a competitividade é total com uma diferença de 15% no frete.

Apesar das dificuldades, Thomas estima que a Aliança deverá crescer 10% este ano em volume. Para isso, está-se especializando cada vez mais. No ano passado a companhia afretou um navio multipropósito para carregar equipamentos indivisíveis de grandes dimensões, como transformadores, reatores e turbinas, entre outros. A embarcação tem capacidade para 19 mil toneladas e é equipada com três guindastes, que juntos podem içar peças de até 800 toneladas.

Thomas: “Infraestrutura é muito deficiente”

Para garantir o crescimento a Aliança investe pesado em infraestrutura retroportuária, como no porto de Itapoá, Santos e Manaus. Só neste último a verba foi de R$ 40 milhões. ”A crise sempre oferece muitas oportunidades e a cabotagem registrou um crescimento de 30%, graças ao esforço dos embarcadores de procurarem menores custos”, assegura. Só no ano passado a empresa conquistou 290 novos clientes com a maior oferta de navios e o transporte de carga fracionada.

Este ano um novo porto atendido, Vila do Conde, e outro grande serviço entre Cabo Rosário, Argentina; Punta Pereira, Uruguai; e Itapoa e Santos no Brasil, para o transporte de madeira e carne. Outra ação é a de incentivar a saída de grãos pelos portos do norte do país.

Frota

A intenção é investir no transporte terrestre, que no ano passado movimentou mais de 100 mil movimentações, isso levou à contratação de mais de 90 provedores. “Estamos em processo para nos transformarmos em OTM”, adianta Thomas.

A lamentar, a queda de 9% nos negócios industriais entre 2014 e 2015: “É um número muito violento”, diz, revelando o impasse dos empresários no segmento. “Todos os agentes querem crescer, mas não há infraestrutura portuária, algo que demanda entre 5 a 7 anos”. Os principais problemas atuais estão ligados aos canais de acesso e à manutenção, principalmente quanto a dragagem.

O problema agiganta-se proporcionalmente ao aumento exponencial da capacidade dos navios cargueiros. Hoje já chegam a 366 metros de comprimento e 51 metros de boca. Por isso a construção do novo canal do Panamá e do canal chinês na Nicaragua.

“O Brasil precisa se preparar para a mudar o desenho logístico, para se adequar ao novo perfil dos navios que virão com o novo Canal do Panamá”, recomenda Thomas, lembrando que os portos do norte poderão ter papel estratégico nas exportações de frutas, grãos, grandes massas, favorecendo também a abertura de novos mercados. “Precisamos nos lembrar que o Brasil é imbatível nas exportações de proteína (carne).”

Pensando a longo prazo, o crescimento do transporte conteinerizado favorece inúmeros produtos, desde o algodão, açúcar, milho e soja e as exportações para a China continuam crescendo num ritmo de 10% ao ano, mas é imperativo investir na capacitação. “Hoje as restrições são muito grandes na maioria dos portos”, revela Thomas.

Uma das soluções para aumento da eficiência da cabotagem, segundo ele, pode ser o crescimento da freqüências com transferências de menores volumes para portos menores. “Esta é uma maneira de fazer um transporte sustentável, substituindo grandes graneleiros e reduzindo o manuseio.”

Pelos cálculos do dirigente, a Aliança está preparada para atender a demanda de cabotagem até 2017.